É O QUE ME INTERESSA
"O salto do desejo/O agora e o infinito/Só o que me interessa"
sábado, 28 de agosto de 2010
BOM SOM
domingo, 22 de agosto de 2010
TECENDO A MANHÃ
"Um galo sozinho não tece a manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzam
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão".
JOÃO CABRAL DE MELO NETO
domingo, 15 de agosto de 2010
MINHA ESTEVES D'ALVA
Dalva de Oliveira - Dalva e Erivelto ( 2010)
sexta-feira, 30 de julho de 2010
O POETA PANTANEIRO
Emprenhados de Sol
Eis um dia de pássaro ganho.
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos
EXERCÍCIOS DE SER CRIANÇA
“No quintal a gente gostava de brincar com palavras
mais do que de bicicleta.
Principalmente porque ninguém possuía bicicleta.
A gente brincava de palavras descomparadas. Tipo assim:
O céu tem três letras
O sol tem três letras
O inseto é maior.
O que parecia um despropósito
Para nós não era um despropósito.
Porque o inseto tem seis letras e o sol só tem três
Logo o inseto é maior (Aqui entrava a lógica?)
Meu irmão que era estudado falou quê lógica quê nada
Isso é sofisma. A gente boiou no sofisma.
Ele disse que sofisma é risco n´água. Entendemos tudo”.
MEMÓRIAS INVENTADAS: A INFÂNCIA
Termino este post com o coração transbordando de alegria,Queridos...
Voltarei a escrever sobre o "Poeta Pantaneiro" mais vezes. Um abraço e até a próxima!
segunda-feira, 26 de julho de 2010
MI CUMPLEAÑOS!!
sábado, 24 de julho de 2010
BOM,MUITO BOM...
A casa da memória
"Desapareceu num montão de escombros a pobríssima morada de meus avós maternos, esse mágico casulo onde se geraram as metamorfoses decisivas da criança e do adolescente. Essa perda, porém, deixou de me causar sofrimento porque, pelo poder reconstrutor da memória, posso levantar as suas paredes brancas, plantar a oliveira que dava sombra à entrada, entrar nas pocilgas para ver mamar os bácoros, ir à cozinha e deitar do cântaro para o púcaro de esmalte esborcelado a água que pela milésima vez me matará a sede daquele Verão."
AS PEQUENAS MEMÓRIAS
Isso é tudo,Amigos!Até a próxima!
quinta-feira, 22 de julho de 2010
MINHA QUERIDA
Alô,amigos...Estou passando para deixar algumas fotos de uma escritora a qual eu amo tanto: CLARICE LISPECTOR...
Sinto-me tão bem lendo seus textos.Sua maneira de falar com o leitor é única: emociona,seduz e enfeitiça.
Minha paixão por esta mulher incrível e genial está no tom enigmático,misterioso e introspectivo que ela traz consigo.
Clarice é indefinível,mas se fosse arriscar uma definição, eu usaria uma frase dela própria “ Com todo perdão da palavra, eu sou um mistérios para mim”.
"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo"
Atualmente,empenho-me na agradável leitura de "CLARICE FOTOBIOGRAFIA",organizada pela professora Nadia Battella Gotlib.Confesso que fui instigado a trazer este livro pra casa,graças a foto acima.Tudo que penso a respeito da escritora está traduzido nesta imagem.Seu olhar penetrante, profundo e intenso me fascina.
Gosto sempre de repetir que Clarice Lispector foi um presente inestimável que Deus trouxe da Ucrânia para nós: Os Brasileiros.
Um abraço e até a próxima!!!